segunda-feira, 18 de abril de 2011

Minhas anotações sobre a palestra de Thomas Richards


Essas são as minhas anotações sobre a palestra, é claro que podem haver algum entendimento diferenciado sobre os assuntos e etc:


Anotações da palestra de Thomas Richards:

* Grotowski uma vez disse a Thomas: “Vou lhe contar um grande segredo: quando cantar, não escute a sua própria voz, porque escutá-la vai lhe trazer insegurança, e automaticamente, a laringe vai reagir dificultando a saída da voz. Então, quando cantar escute o espaço e todo o som que ressoa nele enquanto canta.
*Quando quase sofremos um acidente de carro, antes de pensarmos o que fazer, a primeira coisa que sentimos é o abdômen. Nesse instante estamos ativando a nossa “vida vital”.
*Contraímos nosso abdômen por vários motivos, e um deles é o medo. Só que para cantar, é interessante que não estejamos tensionados e nem relaxados, devemos encontrar um equilíbrio entre a tensão e o relaxamento, de forma que quando cantamos, todo o meu corpo ressoe o canto e vibre com ele.
*O ator universitário pode se prender a conceitos e não sentir em seu corpo o que está antes e além desses conceitos: a transformação.
*O guru quando vai ensinar os mantras a seu aprendiz, ele não ensina o significado das palavras ditas, mas sim, como cantar. E então, após muita repetição, o significado vem sendo compreendido, percebido ao aprendiz de acordo com sua necessidade.
*O jeito de escutar música no ocidente é através dos significados das letras. O que para Thomas, é morto.
*Para mantermos uma sincronia nos movimentos, temos que ver e escutar o que está fora de você. Tudo faz parte dessa precisão (Motion).
*Quando criamos uma cena, devemos perceber o que está vivo ali, e o que está morto. É difícil, mas é o ideal. Quantas vezes percebemos atores fazendo coisas sem sentido: mortas. E a memória pode ser ago que ajude a ser vivo. “No momento em que estava vivo, o que eu sentia? O que eu queria ali?” E então, uma parte especial de mim lembra, é como se eu estivesse dentro da memória. Por exemplo, a primeira vez que cantei aquela melodia funcionou, e eu estava olhando fixamente para uma pessoa, e por quê? Essa pessoa me lembrava minha irmã quando tinha 13 anos. Então, todas as vezes que eu voltar a cantar essa melodia, vou pensar em minha irmã e encontrá-la em quem eu ver. É também, quando eu levanto minhas mãos e me lembro de Grotowski fazendo essa ação. Minha ação me remete a outras coisas. E é essa a diferença entre o bom ator e o ator ruim. O bom ator não entrega tudo a platéia, ele tem suas ações e uma parte que ninguém vê, que são essas memórias que vão além. Já o ator ruim, faz suas ações de forma chapada, porque não têm pensamentos que vão além das ações.
*Uma pessoa perguntou a Thomas o que o fez sentir uma transformação em seu modo de fazer o teatro ao longo da vida, o que o fez sentir profissional. E Thomas respondeu: “Se você trabalha muito em uma coisa e percebe que você não tem importância para essa coisa, mas o que tem importância é o conhecimento. Quando não há resistência entre você e o que você faz, o que não quer dizer que não haja crises, muito pelo contrário, pode ser o momento em que elas mais apareçam. Ter uma experiência bela é algo que deve estar incorporado, fazer o que ama, e encontrar um mestre que lhe possa lhe ensinar. Encontrar o seu lugar é quando você se torna profissional.”
*Uma palavra muito utilizada durante a palestra foi “centros sutis”. As partes sutis de nosso corpo que devem ser ativadas no palco para atenção e energia e são também, as partes que ressoam com o canto.
*Espelhamento consciente: primeiro ocorre entre o mestre e o aprendiz, e depois aos outros. É quando a vida interior do mestre ressoa em mim, não porque eu quero, mas porque encontramos uma comunicação sutil.
*Alguém perguntou a Thomas, como o espectador percebe a diferença das ações no ator, a transformação. E ele respondeu: “A energia não se transforma, mas algo se eleva da energia, como uma onda dentro de mim que flui, uma sensação de transformação, abertura da percepção. A transcendência é literal, e é então quando o espectador vê a energia, percebe a transformação (sendo que transformação não é a palavra ideal aqui, é como se fosse uma escada com seus degraus ).”

Nenhum comentário: