terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Gosto de ficar perto de você.


Nem que seja só pra ficar te olhando...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Esconderijo


Esconderijo
Ana Canãs


Procuro a Solidão

Como o ar procura o chão

Como a chuva só desmancha

pensamento sem razão

Procuro esconderijo

encontro um novo abrigo

como a arte do seu jeito
e tudo faz sentido

calma pra contar nos dedos

beijo pra ficar aqui

teto para desabar

você para construir

Pra você guardei o amor


Nando Reis
Pra Você Guardei O Amor


Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir

Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir

Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar

Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor
Que aprendi vem dos meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que arco-íris
Risca ao levitar

Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar

O Grande Ditador


O último discurso de O Grande Ditador, por Charles Chaplin:


Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.

Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.

Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!

Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, ms dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!

Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!

O artista...

"O artista é um homem que não pode se conformar com a renúncia à satisfação das pulsões que a realidade exige. Toda arte é o desenho do desejo. O artista dá livre vazão a seus desejos eróticos e fantasias. A realidade interdita o tempo todo. Desde coação social até a gramática. A obra de arte se caracteriza pela transgressão, opr não obedecer a gramática."
Sigmund Freud


Trecho retirado do livro: Performance como linguagem de Renato Cohen

domingo, 6 de setembro de 2009

Um ator errante


"Quando saí do Japão, um escritor célebre me aconselhou:
'Nunca desista no meio do caminho.O mais importante, quando procuramos pedras prediosas, é cavar com determinação até que elas apareçam.Se continuarmos a cavar no mesmo lugar, uma hora nós a encontramos.'
Fiquei profundamente tocado por essas palavras."

Um ator errante- Yoshi Oida- p.77

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Tragicomédia

"...Karl Guthke, como Cyrus Hoy, considera a mescla de tragédia e comédia um gênero novo e distinto, no qual uma não tenta expelir a outra, mas criar um clima unificado ainda que contraditório:nós 'rimos com um olho e choramos com o outro'."

Teorias do Teatro-Marvin Carlson- O século XX (1950-1965) p.433

domingo, 5 de julho de 2009

Aqui é a vida real.

Tudo Igual
Lulu Santos
Composição: Indisponível

Então é assim que a vida faz?
E sempre haverá um fim
Um pano rápido ou um plano
Lonjinqüo do horizonte e os créditos

Os personagens se revelam
Atores no aplauso final
E pra cada interpretação
O que lhe for proporcional...

Fica muito bem em cinema
Romance do romance ideal
Só vamo então deixar combinado:
Aqui é a vida real!

Não leve o personagem pra cama
Pode acabar sendo fatal
Então desmonta logo esta máscara
Voltamos à estaca zero
Fica tudo igual.. Normal


De acordo com Ricardinho Maia, professor de teatro de Cel.Fabriciano, os atores no palco são os menos atores na vida real,não ficam interpretando personagens fora dos palcos...Tá aí Lulu Santos pra mostrar o quanto tem atores no nosso dia-a-dia.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Capítulo X: Comunhão


"Os olhos são os espelhos da alma. O olho vago é o espelho da alma vazia. É importante que os olhos do ator, o olhar, reflitam o profundo conteúdo íntimo da sua alma."

A preparação do ator - Constantin Stanislavski

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O dia em que conheci Sophia


"[...]Lembro que elas estavam com roupas muito bregas e quando ouviram o papai dizer esse insulto, não quiseram mais dançar.Para convencê-las de que estavam lindas, minha mulher se fantasiou de jeca e me pediu que colocasse um chapéu.Coloquei.Não era nada demais.Era apenas um chapéu.Ao chegar à festa, percebi que minha mulher era a única mãe que se fantasiou.Eu olhava para as outras mães e via o quanto elas estavam arrumadas, com penteados sofisticados e roupas de grife. Elas deviam morrer de raiva da minha mulher, porque, mesmo trajando-se de jeca, ela ficava mais bonita do que todas que ali estavam.[...]Minha mulher não percebeu que eu me divertiria justamente pelas roupas, que não mais as achava feias."

O dia em que conheci Sophia-Beto Oliveira

As coisas tão mais lindas


As coisas tão mais lindas
Cássia Eller
Composição: Nando Reis

Entre as coisas mais lindas que eu conheci
Só reconheci suas cores belas quando eu te vi
Entre as coisas bem-vindas que já recebi
Eu reconheci minhas cores nela, então eu me vi

Está em cima com o céu e o luar
Hora dos dias, semanas, meses, anos, décadas
E séculos, milênios que vão passar

Água- marinha põe estrelas no mar
Praias, baías, braços, cabos, mares, golfos
E penínsulas e oceanos que não vão secar

E as coisas lindas são mais lindas
Quando você está
Hoje você está
Onde você está
As coisas são mais lindas
Por que você está
Onde você está
Hoje você está
Nas coisas tão mais lindas

Concentração da atenção


"Há pessoas dotadas pela natureza com poderes de observação.Sem esforço, formam uma nítida impressão de tudo o que for mais significativo, típico ou colorido. Ouvindo essa gente falar, ficamos impressionados com a quantidade de coisas que as criaturas pouco observadoras deixam escapar."


A PREPARAÇÃO DO ATOR-Constantin Stanislavski

Cartas a uma jovem atriz


"Jovem atriz, não sei se o dom, mas certamente, o desejo de interpretar está no sangue, embora possa se manifestar mais cedo ou mais tarde em cada artista e não seja obrigatóriamente hereditário..."

Cartas a uma jovem atriz-Marília Pêra

sábado, 17 de janeiro de 2009

Quando eu-O pastor amoroso


Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo.
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima ...
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor —
Tu não me tiraste a Natureza ...
Tu mudaste a Natureza ...
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.

XXIV - O que Nós Vemos-Alberto Caeiro





O que nós vemos das cousas são as cousas.
Por que veríamos nós uma cousa se houvesse outra?
Por que é que ver e ouvir seria iludirmo-nos
Se ver e ouvir são ver e ouvir?
O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem ver quando se pensa.

Mas isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender
E uma seqüestração na liberdade daquele convento
De que os poetas dizem que as estrelas são as freiras eternas
E as flores as penitentes convictas de um só dia,
Mas onde afinal as estrelas não são senão estrelas
Nem as flores senão flores.
Sendo por isso que lhes chamamos estrelas e flores.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Vagalumes


"Brincando de correr entre vagalumes
Sem querer pegamos uma estrela baixa
Roubamos todas as flores pra esconder perfumes
Estrelas, vaga-lumes dentro de uma caixa
[...]
Pra temperar os sonhos e curar as febres
Inserir nas preces do nosso sorriso
Brincando entre os campos das nossas idéias
Somos vaga-lumes a voar perdidos...a voar perdidos..."

Brilha onde estiver


"Não há de ser nada, pois sei que a madrugada acaba, quando a lua se põe
A estrela que eu escolhi não cumpriu com o que eu pedi
e hoje não a encontrei

Pois caiu no mar, e se apagou

Se souber nadar, faça-me o favor


O milagre que esperei nunca me aconteceu
Quem sabe só você
Pra trazer o que já é meu


Brilha onde estiver
Faz da lágrima o sangue que nos deixa de pé


O Teatro Mágico