terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Idéias x Práticas


"Uma filosofia sempre vem depois de uma técnica! Você anda na rua com suas pernas ou com suas idéias?¹ Há muitos atores que, durante os ensaios, gostam de travar discussões científicas e sofisticadas sobre a arte, e assim por diante. Estes atores tentam, através destas discussões, esconder sua falta de empenho e sua falta de um mínimo de aplicação. Se você se entrega totalmente num ensaio, não tem tempo para discutir. Numa discussão, você se esconde atrás de uma máscara. (Grotowski, 1987, p.171)

¹Grotowski refere-se aqui à técnica cotidiana de caminhar.

Texto retirado do livro "A arte de não interpretar como poesia corpórea do ator" de Renato Ferracini, página 151.

Categorias de ações


"Um ator ator não pensa em categorias de "princípios", ou em categorias científicas. Ele deve pensar sobretudo em categorias de ações, de ações físicas e vocais. Deve apreender e assimilar todo e qualquer princípio através das ações físicas. É importante trabalhar e aprimorar os componentes das ações físicas que os preincípios da antropologia teatral nos ajudam a compreender melhor. Mas isto deve ser feito por meio das ações e não dos princípios, caso contrário corre-se o risco de matar prematuramente a vida das ações." (Burnier, 1994, p.140).

Também retirado do livro "A arte de não interpretar como poesia corpórea do ator" de Renato Ferracini, página 150.

Treinamento Energético

"...Dessa forma, mesclando esses princípios recorrentes com os itens constituitivos da ação física, teremos os seguintes elementos que devem ser trabalhados em um treinamento técnico:
*Dilatação Corpórea
*Manipulção de Energia
*Desequilíbrio ou Equilíbrio Precário
*Oposição
*Base
*Olhos e Olhar
*Equivalência
*Variação de Fisicidade
*Precisão
*Impulsos"

Retirado do livro "A arte de não interpretar como poesia corpórea do ator" de Renato Ferracini, página 149.

Casa


"Sábado, resolveram jogar fora o sofá. Segunda, jogaram a televisão. Quarta à noite, a geladeira. Hoje, querem retirar todas as camas. Estão todos lá, entulhados no quintal da casa. Ainda não conseguiram se livrar deles totalmente. Os vizinhos, que antes eram indiferentes, agora fazem visitas. Cada um traz um presente. estão todos guardados no quarto, sendo aberto aos poucos. Vieram substituir as camas. Algumas paredes foram derrubadas, janelas estão sendo construídas- sem vidros, que é pra ventilar melhor. A filha chora por causa das mudanças, diz que tem medo, que agora, com a casa sem paredes, a mula-sem-cabeç virá pegá-la. O irmão mais velho diz que vai protegê-la e ela, aos poucos, vai parando de chorar. Na cozinha começa a nascer um ipê, as orquídeas apontam para lhe fazer companhia. A filha ficou responsável por alimentar as pombas, que se alojaram na sala. Agora, todas as tardes, a família se reúne com os vizinhos, para juntos, poderem apreciar o pôr-do-sol." (Ana Cristina Colla. "Diário de trabalho", 1993.

Trecho retirado do livro "A arte de não interpretar como poesia corpórea do ator" de Renato Ferracini.

A arte segundo Dufrenne


"A arte segundo Dufrenne, não é a vida, mas é a sua representação estética. Ela deverá encontrar, em seu mecanismo interno de funcionamento, uma determinada organicidade, que nos dê a sensação de fluidez, de continuidade ou descontinuidade, de convulsão, equivalente ao fluxo de vida" (Burnier, 1994, p.21).

Retirado do livro A arte de não interpretar como poesia corpórea do ator, de Renato Ferracini. Página 148.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Téspis

"O teatro grego tem sua origem nos festejos populares, como os ditirambos e os cultos ao deus Dionísio. O primeiro ator que conhecemo respondia pelo nome de Téspis, no ano 594 ou 595 a.C. Sabe-se que se apresentava com um coro de, aproximadamente, cinquenta integrantes, ao qual acrescentava um prólogo e um discurso. O ator era conhecido como protagonistés. Além de ator, também foi o primeiro autor conhecido. Aqui, percebemos, desde os primórdios, a íntima relação entre o ator e o texto dramático, já que o ator representava/interpretava o papel que ele próprio escrevia."

Ferracini, RENATO. A arte de não interpretar como poesia corpórea do ator. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2003. Pg. 51.

A arte de não interpretar como poesia corpórea do ator

"Como resumo dessas definições, podemos observar o caminho complexo pelo qual a ação física nasce: da intenção vêm o élan e o impulso (ou impulsos) que, posteriormente, transformam-se em movimento na relação tempo/espaço; esse movimento é preenchido pelo ator com uma presença e uma dilatação corpórea que correspondem, em primeiro lugar, a um contato do ator com sua pessoa, sua "alma", sua "verdade" e suas energias potenciais, configurando assim, uma ação física orgânica. Essa organicidade deve gerar uma energia expandida e/ou dilatada e, finalmente todos esses elementos devem ser manipulados, pelo ator, de forma clara, objetiva e precisa"

Ferracini, RENATO. A Arte de Não Interpretar Como Poesia Corpórea do Ator/ Renato Ferracini.Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2003. Pg113