segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Diletantismo e ator turista

"... Só mais tarde é que eu seria capaz de enxergar a verdade que se escondia atrás de sua gozação: o perigo que ele intuiu é que eu poderia me tornar um diletante, alguém que flutua entre uma coisa e outra sem se confrontar com a necessidade de um ofício, alguém que encara a vida sem responsabilidade. Mas depois não pensei mais na brincadeira do meu pai. Achei que ele estivesse simplesmente imerso nas superficialidades da vida normal, então segui meu caminho sem me preocupar mais com isso. Eu não esperava que diletantismo e comportamento "turístico" seriam exatamente as características com as quais o próprio Grotowski me atacaria de forma severa durante o trabalho de Botinaccio daquele verão." Thomas Richards, Trabalhar com Grotowski sobre as ações físicas; tradução do inglês Patrícia Furtado de Mendonça. pg. 35.

Compreender algo com a mente é muito diferente de ser capaz de fazer algo.

"Durante essa palestra no Hunter College, ouvi pela primeira vez uma explicação teórica sobre o "método das ações físicas" de Stanislávski. Naquela época eu pensei: "Entendi. Como método parece bastante simples, é lógico. Está bem, essa coisa é fácil demais; agora, como ter acesso à revelação interior?" Mas naquele verão, na Itália, eu começaria a aprender que ter a compreensão de algo apenas com a mente é muito diferente do que ser capaz de fazer algo. Saber algo é outra coisa, está mais relacionado à capacidade que uma pessoa tem de fazer, de pôr em prática. Depois dessa palestra, ingenuamente, achei que minha compreensão mental do "método das ações físicas" fosse suficiente." Thomas Richards, Trabalhar com Grotowski sobre as ações físicas; tradução do inglês Patrícia Furtado de Mendonça. pg. 34.

Ética para um trabalho conciso

"...Se fosse me tornar um ator, era claro que eu precisaria trabalhar com alguém que me ensinasse como fixar o processo vivo, para que pudesse ser repetido; alguém cuja ética artística não tivesse sido corrompida pela demanda do "business", que precisa de um produto imediatamente vendável. Só no trabalho com Grotowski eu senti esse tipo de integridade. Então resolvi trabalhar com ele, a qualquer custo." Thomas Richards, Trabalhar com Grotowski sobre as ações físicas; tradução do inglês Patrícia Furtado de Mendonça. pg. 29.

Thomas Richards e sua experiência atuando em Nova York

"...Nessas produções, como os períodos de ensaio eram curtos - de três a quatro semanas - os problemas eram outros. Os atores não trabalhavam para a peça em que estavam atuando, mas para a próxima peça: o valor do trabalho presente reside apenas em sua função de trampolim..." Thomas Richards. Trabalhar com Grotowski sobre as ações físicas; tradução do inglês Patrícia Furtado de Mendonça. pg. 27