
Texto traduzido da fala de Mario Biagini (ator de Grotowski) antes apresentação de um espetáculo, retirada do vídeo que Thomas Richards apresentou sobre uma peça que montou com o workcenter mostrado durante a sua palestra que ocorreu no dia 16 de abril de 2011, as 19:30, no Teatro do Oi Futuro em Belo Horizonte:
Action in Aya Irini
“Bom, finalmente estamos aqui! Boa noite! O que vocês vão ver é algo que tem uma natureza peculiar. Antes vou contar alguns pequenos detalhes do que vocês vão ver. Este é um trabalho que nós chamamos de Action (Ação). Para mim não é simples explicar o que seria Action. É mais fácil explicar o que Action não é.
Primeiro, é bom que vocês saibam que Action não é um espetáculo, no sentido de que é algo que não é feito para ser mostrado. É allgo que pode ser visto, sim pode ser visto, mas não é feito somente para isso. Pode haver observadores externos, como vocês que hoje estão aqui, mas também pode não haver nenhum. Outra coisa que Action não é: improvisação. Não é improvisado. A sua estrutura é muito, muito precisa. E pode ser realizada novamente. Não é como um tiro de arma de fogo.
Bem, não é espetáculo, não é improvisação. Então o que é? Vocês vão ver por si próprios. Talvez quando alguém, assim como vocês, veja Action do lado de fora, possa pensar que é uma nova forma de arte, um novo fenômeno artístico. Um fenômeno artístico que aceite, até mesmo abrace o olhar de um observador externo, mas sem depender desse olhar. Quero dizer que o seu sentido não depende do olhar de um observador externo.
O observador externo pode estar lá, mas também pode não haver observador. Dada à natureza deste trabalho, nós temos um simples conselho, não olhem simplesmente para a história que vocês vão ver. Podemos falar através das analogias e podemos dizer que a Action tem mais as características da poesia do que da prosa narrativa mas é claro que esta é apenas uma analogia. Fazem parte da Action pequenos fragmentos de textos.
E estes textos são em inglês e as traduções que nós fizemos foi a partir de uma antiga língua Coptic. E nós a fizemos de uma forma muito, muito simples. Nós apenas traduzimos brutalmente o texto palavra por palavra. Nós nem sequer tentamos fazer uma boa frase em bom inglês, e claro que fizemos isso intencionalmente. Foi a nossa forma de tentar, tanto quanto o possível, traduzir apenas o que o texto estava dizendo, sem dar uma interpretação ao traduzi-lo.
Então, em Istambul, foi isso que nós fizemos, com a ajuda de Chidam, uma tradução turca. E agora eu gostaria de dar-lhes o texto para ler. Vou dar a versão em inglês e a versão em turco. O texto é muito curto, ele cabe em uma página. E os fragmentos aparecem na página na mesma ordem que aparecem na Action. Peço que leiam e os devolvam a mim.”
Obs: na foto está primeiro, Mario e depois Thomas.