quinta-feira, 21 de junho de 2012

SHAKESPEARE

A Coletânea era um corredor ocupado por livros, revistas e jornais,em um ponto nobre da Rua da Praia, diante da praça da Alfândega e ao lado do Largo dos Medeiros. Lugar de encontro de intelectuais e leitores que marcou época na Porto Alegre dos anos 60, tinha em Quintana um visitador diário. Arnaldo Campos, o dono, um dos livreiros mais respeitados da cidade, colecionador de edições históricas, estava por perto no dia em que uma jovem senhora ficou radiante ao reconhecer Quintana como o ilustre folheador ao seu lado. Observou-o algum tempo, aproximou-se. Aparentemente sem saber de que forma fazer a melhor abordagem, identificou-se como professora e foi fundo: -Poeta, o que devo ler para entender Shakespeare? Com o dedo indicador preso no meio do livro que estava examinando, Quintana orientou, imperturbável e honestamente: -Shakespeare, minha filha! (Retirado do Livro "Ora bolas - O humor de Mário Quintana")

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