sexta-feira, 14 de maio de 2010

C'est Nelson Rodrigues!


"... Diz Jouvet que não há teatro sem sucesso. Ele escrevia em francês e qualquer bobagem em francês soa como uma dessas verdades inapeláveis e eternas. Repito que a prosa francesa pensa pelo autor e pelo leitor e convece os dois."¹
"...Reparem como o sujeito que fala em francês e pensa em francês toma ares de gênio e de infabilidade. Ao passo que o nosso estilista precisa travar uma luta corporal com a própria língua.
Mas traduzam Jouvet e vejam como a aparente verdade é, apenas, uma bobagem insuportável. Imaginem vocês uma arte que depende não do autor, não da poesia plástica e verbal, não do ator, não da atriz, não de sua tensão dionisíaca, mas do bilheteiro. Se é asim, está errada toda a dmiração que, através dos tempos, temos dedicado a Sófocles, Shakespeare, Ibsen e outros. O maior dramaturgo de todos os tempos seria o bilheteiro e o melhor texto o borderaux."²

¹Retirado de "O autor como um ladrão de cavalos". Do livro "O Reacionário- Memórias e confissões" de Nelson Rodrigues.
² Retirado de "A eternidade do canastrão". Do mesmo livro.

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